Muitos de nós já passamos por mudanças, em nossa vida
pessoal, profissional, social e assim vai. Algumas delas são traumáticas. Será
que é porque não gostamos de mudanças? Ou porque quem as impõem não sabe
fomentá-las de modo confortável? O ser humano normalmente tem certas
inseguranças com relação a mudanças. Isto porque somos animais e lutamos por
nossa preservação.
Antes de sermos conscientes, inconscientemente lutamos para
mantermos nossas posições. Erguemos obstáculos para evitar que sejamos
destituídos de nossa zona de conforto. Talvez a ação "MUDAR" não seja o
problema, mas a forma de como se propõem as mudanças. Vamos observar que nestes
milhões de anos de evolução, o ser primitivo foi obrigado a mudar de forma muito
abrupta. Foram obrigados a mudar por causa de: terremotos, incêndios, animais
selvagens, por alimento, por guerras entre grupos, etc. Temos que considerar que
tais, não são tão fáceis de serem aceitas. Está em nosso gene a condição de
stress pelos quais nossos antepassados passaram quando enfrentaram tais
situações. Se sabemos disso por que continuamos a pregar mudanças de maneira tão
irresponsável assim? Sabemos que o mundo urge por resultados positivos e que
mudanças fazem parte desse processo. Podíamos tornar mais confortáveis esses
processos se fizermos de modo cuidadoso.
Vamos comparar duas situações; uma em nossa vida pessoal
contra uma em nossa vida profissional. Quando decidimos mudar nossos filhos de
escola, como procedemos? Verificamos instituições na proximidade de nosso
domicilio, investigamos as instituições, pedimos referências, analisamos o
método de ensino, visitamos as escolhidas, conversamos com o(a) pedagogo(a),
verificamos preço, transporte, etc. Se não bastasse isso, depois de escolhida a
instituição temos que comunicar aos escolares a mudança. E aí que somos os
maiores fomentadores de mudança. Explicamos detalhadamente à eles, com toda
atenção e cuidado, o porquê da necessária mudança e até os colocamos para
experimentar a nova escola alguns dias.
Ufa! Dá trabalho. E agora em nossa vida profissional. Como
fazemos? Muitos vão se ver nesta situação, alguns como proponentes de mudanças e
outros como parte delas. Vamos ver. A empresa decide mudar; precisa aumentar
seus lucros, as empresas multinacionais fazem isso, o custo é razoável, mudamos
amanhã mesmo, etc. Depois de decidido...Comunica-se por e-mail ou em uma reunião
de no máximo uma hora aos membros que estão no cargo de gestão, e está feito.
Tem muita diferença entre os dois momentos, não é? Não me admira que na maior
parte das vezes as empresas não tem sucesso em suas políticas de mudanças. Há
muita resistência, desgaste, retrabalho, demissões, discussões, alterações,
desistências, aumento de custos e blá,blá,blá...O ser humano por mais seguro que
seja precisa estar confiante nas propostas.
A comunicação é importantíssima para evitarmos choques
desnecessários. Devemos analisar muito bem o processo. Fazer ensaios, testes
drivers, colher opiniões das pessoas que vão ser afetadas, ensaiar a
metodologia, fazer com que os envolvidos critiquem , seja lá qual for a crítica,
verificar as ferramentas necessárias para a mudança, envolver o máximo de
pessoas possíveis na decisão e principalmente, quando decidido, saber informar
com total transparência o porquê da mudança, explicar detalhadamente o objetivo
e saber perceber as críticas veladas e seus motivos. Sim. Muitos acabam não se
declarando e é importantíssimo o fomentador perceber isso, para que a
resistência seja quebrada e não se torne um obstáculo futuro . Só com estes
poucos cuidados poderemos tranquilizar nosso ser primitivo que viveu boa parte
de sua vida fugindo das mudanças.
Então! Vamos mudar?
Vagner Cardozo