A prática da
assertividade rotineira é um dos grandes benefícios que uma empresa pode
instituir. Ela possibilita economia de tempo, valorização das pessoas,
objetividade, produtividade e motivação no trabalho, além de produzir satisfação
junto ao cliente externo em função da qualidade dos contatos com a organização.
Isso se obtém com funcionários felizes, que adotam posicionamentos diretos,
firmes e transparentes incorporados à própria cultura da empresa.
Poderíamos
afirmar, sem muita margem de erro, que o uso incipiente da assertividade é o
grande mal que impede o entendimento adequado entre as pessoas, promove
mal-entendidos que afetam as relações e presta um enorme desserviço às empresas
com geração de prejuízos de toda ordem, decorrentes de falhas graves na
comunicação.
O problema já
começa pela dificuldade das pessoas em entender o que caracteriza uma postura
assertiva. Em segundo lugar, vem a de acreditar que ela realmente é decisiva
para mudar o rumo das coisas. Por último a mais difícil: adotá-la como caminho e
colocá-la em prática.
Para nivelar o
entendimento, poderíamos dizer que uma pessoa assertiva é aquela que, nos seus
contatos com os outros, apresenta o seguinte perfil:
* Expressa
seus sentimentos com espontaneidade, naturalidade e calma;
* Adota sempre uma posição clara e transparente, sem disfarces ou vias
indiretas;
* Diz sim ou não como decorrência de análise imparcial (não tendenciosa);
* É firme, quando necessário, sem ferir ninguém;
* Sabe ser flexível, sem abandonar seu espaço vital nem invadir o de outrem.
O uso da
assertividade pode ser um fator determinante para a diferenciação entre uma
posição de "chefia" e o exercício da efetiva liderança. Isto porque os contatos
com uma pessoa assertiva não deixam dúvidas quanto às suas intenções, seus
motivos e à forma pela qual age ou busca seus objetivos, disseminando confiança
e trazendo segurança aos demais com os quais convive.
Isso
naturalmente faz com que estas pessoas queiram se aproximar dela, ou procurem
ouví-la sempre que precisarem adquirir certeza sobre qualquer assunto ou tomar
uma decisão para o qual não se sintam seguras.
Sempre que a
postura assertiva for característica de um membro da equipe, ao invés de recair
sobre o líder formalmente constituído, acontecerá um desvio natural da
ascendência deste último para o primeiro, ou seja: quem acaba liderando
efetivamente é o membro da equipe que detém a confiança do grupo, e não quem, na
escala da hierarquia da organização, detém o "poder".
Isto poderia
ser um foco de conflito, não fosse o próprio perfil do líder assertivo, que lhe
proporciona maturidade no uso de sua ascensão sobre o grupo, e lhe garante
suficiente habilidade para neutralizar uma "dissidência" que só traria prejuízos
para ambas as facções resultantes. Esse líder natural saberá como, sem esvaziar
a chefia formal, direcionar adequadamente as ações da equipe e canalizá-las para
a otimização do resultado coletivo, com conseqüente maximização de benefícios
para a instituição.
Isto porque
sua assertividade impede que atue de forma não transparente ou desleal, ou de
uma maneira que o coloque em rota de colisão com a autoridade formal da
organização para a qual trabalha. Quando discorda de posturas pessoais ou da
política vigente, o líder assertivo normalmente deixa nítida a sua opinião, e
consegue fazê-lo sem passar a impressão de que poderá consistir-se em ameaça
para as pessoas ou para a concretização das ações das quais discorda. E sempre
que a discordância ultrapassar os limites que possa admitir, como cumprir algo
que atropele seus valores e princípios, ele certamente irá expor a situação de
forma inequívoca e serena, e pedirá afastamento do cenário de conflito, mas é
pouco provável que se submeta sem colocar sua posição. Essa serenidade e
transparência geralmente são os componentes que contribuem para que seja
compreendido e respeitado, mesmo quando discorda, e lhe garantam o espaço de
volta quando tudo é superado, restabelecendo a situação de harmonia.
O ideal seria
que todas as pessoas em função de liderança se preocupassem em desenvolver sua
assertividade de forma a catalizar efetivamente as energias de sua equipe, sem
necessidade de uma ?escala? em algum membro da equipe que tenha mais ascensão
sobre os demais. Bastaria que no exercício de sua função adotasse como regra:
* Trabalhar
com metas pré-definidas;
* Aplicar sanções mas promover estímulos continuamente;
* Ir direto ao assunto, sempre com respeito;
* Se ater aos fatos, sem atingir pessoas;
* Dirigir com descontração e avaliar com critérios claros;
* Encorajar os outros a proceder da mesma forma;
* Encontrar tempo para pensar e planejar;
* Não cultivar tensões emocionais ou físicas;
* Colaborar para que outras pessoas também as evitem;
* Criar um clima saudável, que evita doenças e absenteísmo, duas grande pragas
dos ambientes pesados nas empresas;
* Estabelecer harmonia com superiores, colegas e colaboradores.
Uma vez
incorporada, tal atitude não tardará a promover resultados visíveis, lembrando
que o tempo necessário dependerá de todo um histórico nas relações entre ele e
sua equipe. É claro que, caso sua postura anterior tiver sido o oposto da que
agora está adotando, levará bem mais tempo para que a equipe se disponha a
acreditar que a mudança é para valer. A persistência e a total transparência de
propósitos serão, neste caso, decisivas para que a transformação obtenha
credibilidade e comece a produzir efeitos.
Se você ocupa
uma posição de liderança e pretende começar da maneira certa, experimente adotar
o seguinte:
* Informe aos
outros o que você quer;
* Atenda às suas próprias necessidades. Analise e peça esclarecimentos sobre
solicitações que lhe sejam feitas;
* Enfrente os problemas que surgem o mais cedo possível, não os adie;
* Pratique o uso de frases simples; faça declarações breves e diretas;
* Não use preliminares nem retóricas inúteis;
* Não dê explicações excessivas;
* Não divulgue antecipadamente idéias ainda não conclusivas;
* Não faça suposições: busque sustentação em fatos e dados.
Desnecessário
dizer que a prática constante de tal postura acaba gerando um padrão que se
dissemina por toda a instituição, e acaba por formar as bases de uma nova
cultura.
Por último, para que possa, daqui a mais uns tempos,
mensurar os resultados da mudança, registre a data em que começou a utilizar as
novas regras, parta da premissa de que a persistência inevitavelmente promoverá
a confiança das pessoas, tenha a paciência como uma aliada a mais da sua
assertividade, e boa sorte!