Chegou aquele momento que todos nós temos de encará-lo.
Decidir sobre algo. Não estou me referindo a decisões corriqueiras, mesmo sendo
elas, muitas vezes estressantes também. Estou me referindo a decisões marcantes
como: lançar um novo produto, mudar uma estratégia de marketing, contratar ou
dispensar um funcionário, fazer uma operação de risco, mudar de emprego, etc.
Decisões que impactam profundamente em nossas vidas e muitas vezes na de outros.
Sabemos que tomar decisões é um fato que nos é apresentado a
todo instante, por isso muitas vezes as tomamos sem pensar muito, coisa que
acaba de uma maneira ou outra nos trazendo alguns momentos complicados de
administrar. Imaginem uma pessoa que sem olhar a previsão do tempo, nem se dá
conta de que vai chegar ao trabalho toda ensopada pela chuva por que não levou o
guarda-chuva. Um exemplo rotineiro, mas um retrato de como não tomamos boas
decisões regularmente. Muitas vezes no estresse, na correria, cansaço ou mau
preparo as tomamos sem prestar atenção, de forma indolente. No âmbito
empresarial as decisões erradas sempre vem acompanhadas de grandes prejuízos e
aquela famosa frase "eu te disse". Ah como não gosto desta frase. Muitas vezes,
entendemos e dizemos conceitos magnânimos de administração ou de como tomar
decisões, mas quando nos deparamos numa situação de definição, esquecemos
completamente de nosso discurso.
Os pesquisadores Jeffrey Pfeffer e Robert Sutton chamam este
descompasso, entre conceito e aplicação de "lacuna entre saber e fazer". Será
que podemos melhorar a probabilidade de uma decisão ser mais correta do que
outra? Penso que sim. Primeiro esta cobrança de que temos que ter resposta para
tudo de bate pronta é uma armadilha aos incautos. Muitas vezes a melhor decisão
é não toma-las. Ser eficiente exige muito mais que uma simples resposta por
resposta. A decisão tem de ser tomada com base em experiência, informações de
qualidade, pesquisa, conhecimento de causa, em muitos casos é estritamente
necessário ser conhecedor das relações humanas.
Uma a percepção mais acurada do meio em questão e calma, faz
com que tenhamos tempo de analisar e pontuar as melhores decisões. Termos sempre
um modelo de como tomar decisões é importante para que percebamos onde pode
estar o erro no processo, e assim evitar danos maiores. Na verdade, para cada
meio se tem um modelo específico. Não queremos que um médico em pronto socorro
de urgência nos atenda de um acidente grave com risco de morte, preenchendo um
check list interminável. Queremos sim um pronto atendimento e decisões criativas
e inteligentes, como as do Dr. House em seu seriado. Reparem que ele tem seu
próprio modelo de tomadas de decisão. Ele vai do mais simples diagnóstico ao
mais complexo, sem se envolver emocionalmente com o paciente, mesmo que tenha
que se portar com arrogância e intolerância. Não estou afirmando que esta é a
melhor maneira de se clinicar, mas bem que gostaríamos de ter médicos assim.
Tenho reparado em muitos processos de decisões o quanto eles são desgastantes.
Na maioria dos casos é porque elas são tomadas por quem não
sabe da existência de um modelo que pode tornar esta experiência, até mesmo
gratificante. Dar voz a todos, manter a mente limpa, conhecer o terreno, aceitar
críticas seja elas quais forem, ficar menos ansioso, estudar o fato em seus
mínimos detalhes, ter experiência; são fatores que invariavelmente levam ao
sucesso em uma decisão. Então. Vamos decidir?
Vagner Cardozo